Um dos principais marcos culturais de Goiás, o complexo arquitetônico projetado por Oscar Niemeyer exibe formas geométricas simples e grandes áreas abertas

Chamado carinhosamente pelos goianos de “Nie” e também conhecido pela sigla CCON, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, localizado em Goiânia, Goiás, é um complexo arquitetônico e cultural projetado por Oscar Niemeyer.
Inaugurado em março de 2006, o centro é um dos principais marcos culturais do estado e se destaca por sua arquitetura arrojada, funcionalidade e capacidade de promover a integração entre diversas manifestações artísticas e culturais.
O complexo é composto pela Esplanada da Cultura Juscelino Kubitschek, uma praça de concreto de 26 mil m² e quatro edifícios que somam aproximadamente 17 mil m².

O projeto reflete o estilo característico de Oscar Niemeyer, com o uso de formas geométricas simples, curvas suaves e grandes áreas abertas. As linhas arquitetônicas dialogam com o entorno, criando uma harmonia entre o espaço urbano e o cultural. O complexo também inclui uma torre emblemática, que se tornou símbolo do CCON e da própria cidade.
O Centro Cultural Oscar Niemeyer se consolidou como um dos mais importantes polos culturais da região Centro-Oeste do Brasil. Além de suas instalações físicas, o local promove uma agenda diversificada, incluindo exposições artísticas; apresentações musicais e teatrais; oficinas culturais e educacionais; eventos literários e acadêmicos.
A Praça Cívica é uma ampla área aberta que conecta os diferentes edifícios do complexo. Usada para eventos ao ar livre, manifestações culturais, exposições e apresentações artísticas, feiras e celebrações, eventos e shows, promove a interação entre os visitantes e o espaço urbano.
Na opinião do arquiteto Paulo Sergio Niemeyer, bisneto de Oscar Niemeyer, o CCON dialoga com a cidade do jeito que o autor do projeto sabia fazer. “Ele sempre dizia que não projetava para chocar, mas para conversar. No Centro Cultural, isso está claro: os espaços abertos se integram com a cidade, os edifícios não competem com a paisagem, mas a complementam”, afirma.
Sem se impor, continua, mas também sem se perder, usando e abusando da suavidade em suas formas. “É um ponto de encontro entre a arte e a cidade. As formas brancas fluem como se já pertencessem ao lugar, criando um contraste elegante e leve com o horizonte de Goiânia”, diz.
Biblioteca: caixa retangular de vidro fumê

A Biblioteca Bernardo Élis é um edifício grande, com cerca de 10 mil m². O prédio da biblioteca tem três pavimentos sobre pilotis, auditório com 135 lugares e terraço, com espaço para um restaurante com vista panorâmica.
A construção se contrapõe ao branco das fachadas do Museu de Arte Contemporânea (MAC) e do Palácio da Música e ao vermelho do Monumento aos Direitos Humanos. Focada em estimular a leitura e a pesquisa, a biblioteca também serve como espaço para atividades educacionais e encontros literários, além de oferecer um acervo diversificado que abrange literatura, arte, cultura e história.
Palácio da Música: formato de cambota

Um auditório projetado para apresentações musicais, teatrais e eventos culturais de diversas naturezas, o Palácio da Música Belkiss Spenziere tem uma ampla área de exposições e um extenso mezanino perimetral para a exibição de gravuras e desenhos.
O centro musical ostenta traços que se tornaram símbolos da obra de Niemeyer: o prédio, em forma de cambota, foi construído em concreto armado. São 7 mil m², onde há um teatro com 2,5 mil lugares, fosso para orquestra, camarotes para 284 pessoas e espaço para bar.
O local se destaca pela sua acústica excepcional e capacidade de acomodar grandes públicos, sendo palco de concertos sinfônicos, shows, festivais e outros espetáculos.
Museu de Arte Contemporânea: um cilindro branco
O cilindro onde fica o Museu de Arte Contemporânea (MAC) tem 4 mil m², que compreendem uma galeria de arte, sala administrativa, térreo, mezanino e pavimento para exposições. Com espaço dedicado a exposições de arte moderna e contemporânea, visando valorizar artistas locais, nacionais e internacionais, tem ambientes amplos e flexíveis, capazes de abrigar exposições permanentes e temporárias, além de eventos como palestras e oficinas culturais.
Monumento aos Direitos Humanos: pirâmide vermelha

O Monumento aos Direitos Humanos é uma pirâmide vermelha de concreto, de 36 m de altura. Com cerca de 700 m², a construção tem um salão para exposições, o auditório Lygia Rassi, para 166 lugares, medindo 198,60 m² e palco com 18,72 m² – e ainda um jardim de inverno.
Para Paulo Sergio, o Monumento aos Direitos Humanos é a alma do espaço. “É um ‘grito’ visual, uma lembrança de que a arquitetura também pode ser um manifesto. Meu bisavô adorava colocar toques simbólicos, algo que impactasse além da estética”, afirma.
Palavra de arquiteto
“As áreas amplas e abertas do Centro Cultural sugerem um convite à convivência e ao uso comunitário. Meu bisavô era apaixonado pelas pessoas, pela vida. Ele queria que todos ocupassem o espaço, que se encontrassem, que fizessem arte ali. Por isso, as esplanadas amplas são o coração do projeto, mais do que os edifícios. Ele também sempre pensava na acessibilidade, não só física, mas emocional. O Centro Cultural é um lugar para se sentir parte de algo maior e um lugar para todos os gostos. Meu bisavô dizia que a beleza não precisava ser sacrificada pela funcionalidade, e o complexo é prova disso. É funcional, sim, mas, antes de tudo, é arte. Um convite para a gente parar e olhar ao redor, apreciando a arte como ela é. É uma dança entre o concreto e o entorno, criando assim uma conexão”, diz Paulo Sergio.

“O que mais me agrada neste projeto, além do aspecto inovador, é a grande superfície de concreto – a esplanada cultural. Com essa solução, a praça e o estacionamento ficaram bem definidos. Sobre esse plano ficam dispostos o grande volume de concreto onde se situa a biblioteca, o centro musical e o Museu de Arte Contemporânea, na forma de um cilindro branco”, disse Oscar Niemeyer, a respeito de sua obra.