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Design sem nome
Design sem nome

Saiba o que é o movimento solarpunk na arquitetura

O movimento solarpunk sonha com um futuro que represente o amálgama perfeito entre a natureza e a tecnologia.

Cidade de Louvain-la-Neuve, na Bélgica, que ganha uma versão utópica pelas mãos de Luc Schuiten.Ilustração: Luc Schuiten

Se você entrar no Pinterest e digitar “solarpunk” na busca, as imagens que aparecerão podem direcioná-lo a uma ideia enganosa do que, de fato, esse movimento representa. Em geral, a pesquisa costuma cair em imagens de prédios vertiginosos, transparentes e forrados de plantas – quase como florestas artificiais, suspensas no céu. É um jeito bem plástico de pensar a arquitetura do amanhã, que, invariavelmente, precisará encontrar algum alinhamento com o meio ambiente, dada a questão das mudanças climáticas relacionadas ao desenvolvimento humano como conhecemos no presente. Pense nos Gardens by the Bay, de Cingapura, e no edifício Bosco Verticale, em Milão.

No entanto, o solarpunk – que surgiu como um subgênero nativo e digital de ficção científica no final dos anos 2000 – tem menos a ver com esse desenho estético e mais como uma maneira otimista de idealizar um futuro em que o ser humano e a natureza fazem as pazes. Ou seja, o oposto do cyberpunk – que prevê uma distopia, em que estaremos absolutamente subjugados ao reino das máquinas e dos robôs. Qual delas vai vencer, é outra conversa. Porém, em um contexto histórico em que a maioria das projeções sugere catástrofes naturais e cenários apocalípticos, o solarpunk é um bem-vindo convite à fé de que a humanidade pode, sim, virar o jogo.

Nestas ilustrações, o arquiteto belga Luc Schuiten imagina um possível desenvolvimento urbano biomimético até 2200 para o bairro de Laeken, em Bruxelas, Bélgica. Acima, ele representa o ano de 1900.Ilustração: Luc Schuiten

“O The Line leva esses valores a uma escala gigante. Mas é fundamental pensar meticulosamente cada detalhe desse projeto – da construção ao funcionamento operacional – para não perder de vista esses ideais”, diz ele em resposta à controvérsia gerada pelo fato de a cidade artificial contrastar em absoluto com o ambiente ao seu redor: o deserto.

Na vida real, o greenwashing – termo que designa projetos que se vendem como sustentáveis para se beneficiar do discurso, mas fazem pouco na prática – ainda se infiltra em muitos dos impulsos solarpunk da contemporaneidade.

Ilustração completa da cidade de Louvain-la-Neuve, por Luc SchuitenIlustração: Luc Schuiten

“Ainda mais quando se leva em consideração que essas iniciativas de integração arquitetônica com a natureza vêm do mercado de luxo. Com poucos recursos, ainda é difícil apostar em tantas novas tecnologias. Demora um pouco para que as novas diretrizes se consolidem socialmente”, pontua Benshetrit. “Ainda assim, os princípios do solarpunk são menos uma possibilidade de futuro e mais uma necessidade do agora. E eu estou comprometido em levar isso a cada um dos projetos de minha autoria”, finaliza Haffner.